domingo, 16 de outubro de 2011

Era comodo..

Ele limpava a casa quando ela acordou.
- Ta indo pra onde?
- Ainda não sei, porque? Vai sair?
- Se você for, não...
- Vou ficar lendo.
- Ok. Vou dar uma volta então.
Estava insuportável ficar no mesmo ambiente que ele. Meu Deus, cadê aquele amor?
Agora sentia raiva e dó. Raiva dele e pena de si que não conseguia abandoná-lo.
Era comodo, era comodo.
Talvez um parque fosse uma boa pedida para aquela tarde quente e nem sua companhia podia fazer Rita se sentir calma.
Algo no ar exigia mudanças e ela só não queria pensar.
Mudar queria, muito. Muitas coisas. Tiraria os velhos hábitos aos poucos, planos..Pro ano novo, ano que vem, tudo novo de novo.
Talvez até virasse vegetariana pra entrar na onda zen. Ainda mais se terminasse, precisaria de uma turma. A turma zen estava sempre lá, numa boa...Rita sorriu.
Pensou de novo em seu casamento, ca sa men to.
Que hora.
Poderiam ter só se amado, mas confundiram tudo e resolveram viver a vida um do outro. 'Foi isso, foi isso', repetiu Rita, franzindo a testa.
Duas horas na praça pensando, a fome incomodando o estômago, do nada fechou o livro que tinha aberto no colo sabe-se lá prá que, respirou fundo e tomou o rumo de casa.
Talvez ele tivesse saído.
Talvez ele estivesse dormindo.
Talvez ela terminaria com ele.
Logo.
Ano que vem, ano que vem.

Silvana Gonçalves

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