sexta-feira, 29 de junho de 2012

Somos todos Um.

Foi na praia de Mangue Seco, aquela da Tieta do Agreste, a mais linda que já vi, areias brancas alisadas pelo mar imenso, mar sem fim, azul, verde e branco. Meu filho Sérgio tinha três anos quando viu o mar pela primeira vez. Em silêncio ficou a contemplar aquela imensidão, as ondas se quebrando sem cessar. E me perguntou:"O que é que o mar faz quando a gente vai dormir?" Era-lhe incompreensível a eternidade do mar. Também me espanto e me pergunto, sem resposta:"Há quanto tempo o mar se quebra alisando a areia?" O mar, a praia, as conchas, o céu, os peixes invisíveis nas profundezas, as gaivotas em voo, me falam da eternidade. Senti-me retornado ao início do mundo:"Foi, desde sempre, o mar..." Até as marcas dos pés, coisas do tempo, haviam sido apagadas pelo vento e pelas ondas.
   Senti o que sentia Murilo Mendes:"o minúsculo animal que sou acha-se inserido no corpo do enorme Animal que é o universo. Universo, animal enorme que me faz viver....Que mais bela experiência mística eu posso desejar? Eu e o universo em silenciosa harmonia...Que milagre ou aparição de Virgem pode se comparar a esse sentimento?
Eu, infinitamente pequeno, grão de areia e, ao mesmo tempo, infinitamente grande, bebendo o universo com meus olhos....



Rubem Alves

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